Ah! 2

Chega uma gaja a Reykjavik, toda contente por estar num país estrangeiro, com aquela excitação de querer ver e conhecer, vai para o seu quarto single do Hotel Nordica, liga a TV, passa por uns quantos canais com uma língua estranhíssima de onde não se percebe nem uma simples palavrinha, até que chega a um canalzeco americano e decide parar por lá. Sempre era uma língua familiar, que dava para perceber e para "fazer companhia" enquanto se abria a mala e dispunha os cremes e produtos de beleza pelo quarto de banho. A uma certa altura a tal gaja ouve uma musiquinha familiar. Onde é que eu já ouvi isto?, pergunta-se. Para não ficar a matutar, espreita de canto para a TV. O que é que estava a dar? (um bocadinho de suspense.............................) tsharaaaann Beverly Hills 90210!!! Lá fiquei eu colada ao ecrã, a relembrar os tempos de cachopa em que eu dizia que era a Brenda e o meu mais-que-tudo de 11 anos era o meu Luke (sim Leididi, o Brandon não tinha piadinha nenhuma), em que fiz duas ou três cadernetas inteiras de cromos e comprei os pins e tudo e mais alguma coisa sobre a série. Em que comprava a Bravo, longe de saber que um dia iria perceber aquela língua cheia de consoantes seguidas, só para recortar as imagens dos protagonistas. Bons tempos... E lá estavam eles, ainda entra a Kelly, a Donna, o Luke (ai o Luke), o David e o Steve. Já casaram, têm filhos. A série já não tem graça nenhuma, é mais uma americana como tantas outras, mas deixou-me de lagriminha no canto do olho a pensar no 5º ano e no nosso 5ºC, nas lutas com a Ana Moura pelo amor do Bruninho, nos campeonatos de elástico, nas brincadeiras estúpidas de quem não salta é lampião e sei lá eu que mais, nos meses na carteira com a Diana e na risota que era, no início da amizade com a Patrícia, e na meninice típica de uma criança de 11 anos cheia de sonhos que quando fosse grande queria ser professora de matemática.