Estou acabada #2 (suspeito que esta rubrica vai ter muitos posts)

Ultimamente sempre que entro no elevador fico uns segundos a olhar para os números, sem saber/raciocinar para que andar quero ir.

Estou senil, é o que é.

Estou acabada

Pois é, meus queridos leitores, eu sei que não me devia ter andado para aqui a gabar que cheguei aos 30 inteirinha e sem mazelas e que estava aqui para as curvas e estou melhor do que nunca e bla bla bla.

Acontece que de há uns dias para cá, toda eu pareço uma velhinha de 90 anos, empenada, curvada, dorida. As %#$"#$ das dores nas costas assolaram-me como nunca haviam assolado anteriormente. Chegaram devagarinho e domingo à noite dei por mim desconfortável no sofá a ver um filme. Segunda a mesma coisa. Chego a terça e nem 10 minutos quieta na secretária conseguia estar, tendo passado uma tarde terrível no trabalho sem encontrar posição para me sentar. Não contente com isso, em vez de ir para casa deitar-me e descansar, fui meter-me num cinema, 2 horas de filme e eu ali vira para a esquerda, vira para a direita, ai ai ai as minhas costinhas. Desde então ando a anti-inflamatório, relaxante muscular, massagens do namorado com Reumongel (obrigada baby!), banhos e botijinhas de água quente nas costas. E a coisa não há maneira de passar.

Pelo que nos últimos dias é comum encontrarem-me assim:

Ah, o fim de semana

Sabemos que ainda estamos aí para as curvas quando depois de uma noite em que só dormimos 3 horas no dia seguinte aterramos no sofá durante a tarde, tal como acontece desde os 17 anos (achei que depois dos 30 iam aparecer outros sintomas).

Segundas-feiras

Durante algum tempo, e antes de eu lhe dizer que se voltasse a fazer esse comentário era um homem morto, o meu namorado dizia-me muitas vezes que eu estava com um ar cansado (e com razão, nesses dias sempre que me olhava ao espelho assustava-me, a cara branca, olheiras, olhos encovados, mas ele não precisa saber!).

No entanto, comecei a detetar um padrão e cheguei à conclusão que esses comentários e esse meu aspeto, digamos, acabado, acontecia sempre à segunda. Não sei se é por voltar a pôr as lentes depois de um fim de seamna sem elas, não sei se é por acordar mais cedo (se bem que eu, mesmo ao fim de semana, acordo cedíssimo), não sei se é por voltar a passar o dia a olhar para um ecrã cheio de letras pequeninas e ter de escrever lá mais umas quantas e apagar outras tantas, mas a verdade é que as segundas andam a pôr-me com cara de quem bebeu 3 garrafas de whisky e só dormiu duas horas.

O bom é que hoje já é terça e já estou linda como sempre.

I'm 30 and I like it

Esta semana que passou fiz 30 anos.

Toda a gente me dizia "agora é que é, agora vais ficar uma mulherzinha, agora vais ficar mais responsável, o corpo começa a mudar, etc. etc." (basicamente o mesmo que tinham dito há uns anos quando me veio o período pela primeira vez).

Vai daí, à meia noite lá estava eu, excitada, a esperar ansiosamente pelas tão anunciadas mudanças. Preparei-me para os cabelos brancos, para as novas rugas, para as dores nas costas quando fosse pegar no meu sobrinho ao colo, para que de repente tivesse novos objectivos de vida e uma vontade enorme de começar a fazer separação do lixo (responsabilidade é isto, certo?).

Mas não, as rugas que cá estão continuam a ser as das gargalhadas que dei, os cabelos brancos continuam a ser uma única mecha de lado como já tinha a minha bisavó, avó e mãe, os objectivos de vida continu(av)am os mesmos (depois o Passos Coelho veio mudar tudo) e continuo sem saber a que é que corresponde o verde, o amarelo e o azul nos baldes do lixo.

Por isso, quem souber quais são as grandes diferenças ou porque é que os trinta são tão temidos faça o favor de me explicar, porque já tenho 30 há cinco dias e ainda não percebi em que é que isto é diferente dos 29, 28, 27, etc...