segunda-feira, setembro 17, 2012

Meia-mini-micro-nano maratona

Não sei se se passa o mesmo nas vossas cidades mas aqui no Porto toda a gente de uma certa idade (30 e muitos, 40) decidiu correr. De há um ano para cá, ao fim da tarde, é vê-los a passar, de t-shirt cor-de-laranja da Sportzone patrocinada pela última corrida oficial que realizaram e lá vão eles (sobre as maratonas e os #$%&#$" dos cortes de trânsito que elas provocam, escreverei noutra altura).

Eu não me oponho, até acho muito bem que se comece a pensar na imagem e na saúde, seja em que idade for, mas suspeito que os seus médicos lhes esqueceram de dizer que correr faz mal às articulações e tendões e que para se manter saudável caminhar é uma alternativa muito mais simpática para os ossos e igualmente (ou mais) benéfica para a saúde. Mas o objectivo destes recém corredores não é ser saudável, é ser magro. De repente viram-se com uma certa idade, com barriga e com mulheres mais novas e/ou bonitas (toda a gente sabe que as mulheres à medida que ganham idade, aumentam em beleza) que saíam de casa com um decote cada vez maior, chegavam cada vez mais tarde e falavam muito com a amiga ao telefone sobre o novo estagiário da contabilidade. O problema é que estes homens não se limitam a correr. Não. De repente começam a alimentar-se só de salada e meio filete grelhado. Vestem pólos e t-shirts de cores estranhas (rosa com laranja? roxo com rosa clarinho?) um número abaixo do seu tamanho para mostrarem o quão magros estão, deixam crescer o cabelo à adolescente e - pasme-se! - começam mesmo a pintá-lo! (se vissem o que eu acabei de ver....).

Eu não tenho nada contra (e se calhar estou a falar, chego aos 40 e faço o mesmo), se querem correr que corram (depois aos 80 não venham cá dizer "aaaiii os meus joelhos!") e sempre prefiro cruzar-me com corredores do que com ciclistas (pelo menos a correr têm tempo de travar e não me aterrorizam quando vou caminhar). Mas sempre que passo por alguém em sofrimento, curvado, a arrastar os pés com ar de quem vai deitar um pulmão pela boca, ponho logo o telemóvel nas chamadas de emergência, não vá o diabo tecê-las.




(depois há aqueles como o Cloney mas não falemos sobre isso)


7 comentários:

Leonor disse...

O bicho homem (e aqui é homem no masculino e não no conceito geral) a partir duma certa idade é muito pior que a mulher mas eles não admitem. Atenção homens,ninguém vos troca por um pneuzito a mais, mas sim por menos atenção, menos carinho, menos cumplicidade, menos gargalhadas juntos, etc, etc...embora se devam cuidar, claro.

RCA disse...

Eu sou mais virado para a natação. Coisa mais suave, para fazer com calma e sem preocupações. Chateia-me são os monstros que podem aparecer na piscina.

Mas acho que o problema não é se nos trocam pelo pneuzinho... é que já não conseguimos trocar o pneuzinho.

Anónimo disse...

Quem te disse que correr e andar estão mais ao menos ao mesmo nível no que diz respeito aos benefícios? :p

Alexandra disse...

Sou professora de educação física e posso esclarecer o "anónimo".A corrida que tão em voga está agora com estas maratonas por todo o lado, se não houver uma preparação cuidada, um ritmo de treinos adequado e orientado em relação à idade e físico de cada um,pode prejudicar muito a parte cardíaca e articular enquanto a marcha (não é andar num shopping)a um ritmo certo e não muito lento, durante 30m por dia é muito mais saudável a nivel cárdio respiratório.Esclarecido? Vejo diáriamente aqui em Coimbra autênticos atentados à vida, pessoas quase a desmaiar de tanto correr.E realmente o mais engraçado é que são homens nessa faixa etária dos 40, 40 e tal, a tal idade perigosa pois querem voltar aos 30 como diz a kiss. E que piscina é essa que há monstros? Serão baleias?

Mak, o Mau disse...

Vou começar pelo fim: toda a roupa estranha que tenho, todas as minhas escolhas alimentares duvidosas e/ou saudáveis e a falta de bom senso permanecem iguais antes e depois de começar a correr com mais regularidade e sim, estou dentro da faixa etária que referiste.

Eu sempre fiz desporto, a nível oficial até já depois dos vinte, embora correr "mais a sério" só nos últimos três/quatro anos. Olho para este boom da corrida e vejo alguns factores responsáveis por isso, para além obviamente do apelo do lado feminino (porque também há muita mulher a correr).

A corrida virou moda (tanto em termos de estilo, como via programas do género Biggest Loser, etc). A corrida é um meio barato de fazeres alguma coisa pela tua saúde (obviamente com regras, supervisão ou, no mínimo, bom senso). A corrida é uma actividade individual, que permite a cada um definir as suas metas e correr sempre que lhe apetece sem estar dependente dos outros.

Mas também existe muito maluco pelo meio, disso não tenho dúvidas, até porque conheço uns quantos. Algumas corridas existem há anos (mais de 10kms, algumas meias maratonas, etc), porque na faixa etária que anda na casa dos 50/60 há muitos tipos que correm há 20/30 anos quando isto ainda não era modinha, nem existiam ténis cool e a Nike a dizer que és um rebelde cada vez que te fazes à estrada. Quando se percebeu que isto era um negócio começaram a aparecer corridas que nem cogumelos, porque a malta também gosta das medalhinhas e do estatuto "corredor oficial".

A falta de bom senso é que trama o resto. Pessoas sedentárias, sem noções de planos de exercício não se transformam em corredores de elite em dois tempos. E o problema é que há pouca formação específica sobre o aconselhamento nestas situações, com as devidas excepções.

Quanto às crises de meia idade, com o ritmo de vida cada vez mais rápido, também é natural que surjam mais cedo e aí, a parte que referes dos rituais estranhos associados à corrida, fazem pleno sentido.

Anónimo disse...

Os fantasmas do exercício físico... esses que assombram as pequenas crianças, as jovens e os adolescentes e até mesmo os 30/40/50(ões). Que vida tão saudável a do atual sedentarismo!

Anónimo disse...

Uaaaaaaaaaaaaau uma professora de educação física a mandar postas geniais!