Angelina Jolie e a sua mastectomia
Para quem não sabe do que estou a falar, soube-se hoje que a Angelina Jolie fez uma dupla mastectomia preventiva (Público).
Quando vi esta notícia já havia mil reações, comentários, palavras de apoio e insultos à atriz. Eu acho que é preciso coragem. Lembro-me de um episódio da Anatomia de Grey em que uma amiga do Derek foi ao Seattle Grace exatemente para isso, para tirar as mamas e os ovários. O marido era completamente contra, que ela ia perder a sua feminilidade, a sua sexualidade, que iria ter um envelhecimento precoce, resumindo, os sintomas da menopausa. Lembro-me também de na altura ter sido "a favor" da mulher, que queria era viver.
Mas isso é tudo muito bonito (ou não, obviamente) numa série de TV. Quando chega à vida real é que a coisa "bate". E na vida real, continuo a concordar com a mulher. Que quer viver, que quer acompanhar os filhos por muitos mais anos, que não quer que os filhos passem pelo mesmo processo que ela passou de acompanhamento da doença da mãe e o sofrimento e dor que tudo isso acarreta. Ainda por cima esta não é uma mulher "normal". Tem muito (mas mesmo muito) mais dinheiro do que a maioria da população. Com certeza consultou os melhores médicos, os melhores especialistas. Especialistas da parte médica, da parte psicológica e da parte estética. Tem dinheiro para ter feito as operações nos melhores hospitais, com os melhores médicos. E tem dinheiro para ter feito as reconstruções mais perfeitas, mais idênticas ao "original" (ou diferentes, se bem entendeu). E tem dinheiro para arranjar os melhores medicamentos, etc. para que os efeitos sejam minorados.
Por isso acho que ela fez bem. Era 87% de probabilidade de ter cancro da mama.
Só tenho pena que nem todas as mulheres tenham a oportunidade de, tal como ela, o prever e prevenir, não tenham o dinheiro (porque é disso que se trata) para fazer o teste de rastreio do gene quando a sua mãe ou avó ou primas ou tias tiveram cancro da mama ou ovários, que não tenham as mesmas possibilidades para fazer a mesma operação, sabendo que a sua esperança de vida cresceria exponencialmente, e para fazerem reconstruções que lhes garanta que a sua feminilidade se mantém intacta. E muitas vezes, que não tenham o apoio dos maridos e/ou familiares numa situação ou decisão, que penso ser tão dura.
11 comentários:
É complicado. Acho que é uma posição muito pessoal para "comentar" livremente.
De qualquer forma é uma atitude que envolve coragem, mesmo tendo a rede de protecção que o dinheiro compra.
Acho que ela foi uma grande mulher. Muito corajosa!
Felizmente, e por mais críticas que a gente sempre tenha, o nosso sistema nacional de saúde tb faz este tipo de operação preventiva, em casos semelhantes. É difícil falar sem estar a viver a situação, mas eu à partida diria sim à mastectomia preventiva. A vida é o mais importante!
Queria apenas dizer que o rastreio genético é gratuito. Claro que nem todas as pessoas o podem fazer, mas todas as mulheres com historias clinicas de mais do que um familiar directo com cancro da mama é chamado pelo IPO a fazer o teste. Eu fiz, tal como a minha irmã... E deu tudo negativo!:)
Além do rastreio genético também a mastectomia preventiva e a reconstrução mamárias podem ser feitas através do SNS.
Como várias pessoas já referiram, faz-se o teste genético no IPO, com cirurgia preventiva e reconstrução mamária sem pagar um tostão. Felizmente nem tudo é mau em Portugal.Se optarem por não o fazer mantêm uma vigilância muito mais rígida no IPO e no médico de família, com mamografia, ecos e marcadores tumorais. considero um ato de coragem mas também um grande amor à vida.
Ela tem dinheiro e isso facilitou todo o processo, claro, mas não deixa de ser menos valente por isso. Fiquei a admirá-la, é preciso coragem.
Pois eu não entendo como é que se pode criticar quem tenta lutar pela sua vida. A minha opinião em: http://singularidadesdeumagatamarela.blogspot.pt/2013/05/angelina-jolie.html
Concordo em tudo contigo neste post!
Em Portugal este procedimento é feito há mais de 10 anos e é gratuito. Em caso de risco (ter vários familiares diretos que tenha tido a doença) fazem-se consultas de mapeamento genético e na presença do gene a mulher pode escolher fazer ou não a cirurgia.
e depois dessa noticia ela pensa em tirar o utero tb....
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